Na tentativa de escolher um nome que desse impulso à sua candidatura, seja pela popularidade ou pela possibilidade de construir palanque sólido em algum estado específico, Serra postergou ao máximo a decisão sobre o seu vice. Óbvio que a demora não passou despercebida pela imprensa e pelos eleitores. Criou-se a polêmica e o assunto tomou proporções inimagináveis, o que tornou a decisão ainda mais difícil.
Com tanta demora, esperava-se um político de peso (alguns até tentavam desenterrar o nome de Aécio, a despeito da recusa do mesmo). Finalmente, Serra anunciou o seu vice(ou melhor anunciaram para ele, não é mesmo Roberto Jefferson?). O nome fazia sentido, o tucano Álvaro Dias confirmado como vice poderia fazer seu irmão, Osmar Dias do PTB, pender para o lado de Serra, ao invés de se lançar candidato ao governo do Paraná pela coligação de Dilma, como indicava que iria fazer. É certo que o ideal mesmo para Serra seria lançar mão de algum político do Nordeste ou Norte para tentar diminuir sua desvantagem nessas áreas. Mas na falta de algum nome de peso dessa região, Álvaro Dias não seria má idéia para consolidar sua vantagem no Sul e desbancar o palanque de Dilma no estado.
Acontece que, mesmo com tanto tempo que teve para pensar, avaliar e discutir a questão do vice, Serra se esqueceu do fator DEM. Estava claro que desconsiderá-los nessa escolha não seria uma boa idéia. Mesmo que fosse uma chapa puro-sangue, teria que ser algo bem avaliado e bem estruturado em conjunto com o DEM e com os demais aliados. Uma discussão mais meticulosa poderia ter evitado a troca de tiros dentro da própria aliança, o que certamente prejudica o candidato.
No final, a situação só se complicou. Para agradar ao DEM, Serra teve que retroceder na decisão, queimando a sua imagem e também a de Álvaro Dias. Para reconquistar os aliados, que ameaçavam uma ruptura, Serra deixou que lhe indicassem, a toque de caixa, o vice. O escolhido foi o Deputado Índio da Costa, DEM, afilhado político de César Maia. No final das contas, Serra só perdeu ao retardar a escolha. O balanço final da história toda foi uma polêmica negativa com a briga dentro da aliança e um vice que não acrescenta nada à campanha. Índio não é popular, não ajuda na construção de nenhum palanque em estados e não auxilia na conquista de mais espaço na região Nordeste.
Antes ele tivesse feito como a Dilma, que tem um vice que desagrada muita gente, mas que foi escolhido e legitimado rapidamente. Não houve qualquer burburinho em torno da escolha. Tanto que muita gente nem se lembra que Michel Temer, PMDB, foi o escolhido da petista. Desse modo, a aliança permaneceu unida para a eleição que se aproxima, enquanto Serra terá que lidar com uma aliança remendada às pressas e um vice que ganhou destaque e, pra piorar, não convence.
sábado, 3 de julho de 2010
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