quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Debate TV Globo

O debate, de um modo geral, foi pífio. Plínio não estava nem um pouco inspirado. Não conseguiu emplacar grandes tiradas (sua marca registrada) e debateu pontos sem importância, como quando questionou Dilma se ela não pedia votos para os candidatos do PT. Ela respondeu que sim e que ia aproveitar o momento para pedir para as pessoas votarem nos deputados do PT. Ou seja, não acrescentou absolutamente nada na discussão.
Marina partiu para o ataque e se saiu bem confrontando tanto Serra quanto Dilma. Pode ser que conquiste mais votos com o debate e encoste em Serra.
Dilma, obviamente, evitou o confronto com Serra. Como mantém a liderança, ela ganha e muito ao se esquivar de confrontos com o tucano. O mais estranho, porém, foi que Serra também fugiu de debater com a petista.
A estratégia é uma péssima opção para o tucano. Afinal, quem está atrás nas pesquisas precisa ir pro front, precisa tentar colocar o opositor na parede pra tentar abocanhar mais votos. Defensiva é pra quem está ganhando. Quem está perdendo tem que ir pro ataque. A atitude defensiva de Serra certamente consolida a vantagem de Dilma e enterra de vez a ambição dos tucanos de promover um segundo turno nas eleições.

domingo, 26 de setembro de 2010

Debate TV Record

Fazendo uma análise sucinta sobre o debate da Tv Record.
Dilma continua pecando pela fraca oratória e manteve a estratégia de colar sua imagem à do presidente Lula e a de Serra à do ex-presidente FHC. Com relação às denúncias que envolvem a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, enfatizou que tudo deve ser investigado e atribuiu as inúmeras denúncias de corrupção à autonomia da Policia Federal no Governo Lula.
José Serra atacou de forma mais moderada do que se esperava. Criticou o governo com relação às denúncias de corrupção, se desviou do atrelamento de sua campanha ao ex-governador cassado do Distrito Federal José Arruda e sugeriu que o governo Lula deu continuidade ao Governo FHC.
Plínio mais uma vez atacou a tudo e a todos com sua acidez característica e defendeu veementemente a implantação de um regime de ruptura com o modelo capitalista. O rendimento de Plínio caiu nesse debate, em parte devido a suas confusões e esquecimentos.
Marina manteve o discurso focado no desenvolvimento sustentável e tentou rejeitar rótulos para sua candidatura. É certo que manteve um tom neutro em algumas questões e não polemizou muito.
De um modo geral, o debate foi "morno" demais. Sem grandes surpresas e sem grandes polêmicas, os candidatos pareciam se esquivar de um confronto mais contundente.

Os males a serem combatidos

É necessário, o quanto antes, implantar um projeto de democratização da comunicação no Brasil. A grande mídia tem praticado ao longo dos anos um jornalismo que só atende aos seus próprios interesses. O interesse social, que deveria nortear as publicações, é completamente esquecido.
Vale lembrar que os veículos de comunicação do país são dirigidos por algumas poucas famílias, que concentram em suas mãos o controle midiático em todas as frentes (seja no rádio, na televisão ou nos meios impressos). Um verdadeiro monopólio, que deveria ser combatido a fim de instituir uma comunicação mais pluralista e democrática.
O presidente Lula vem criticando com veemência esse monopólio da comunicação. Entretanto, o que percebemos é que seu governo pouco fez para colaborar com a democratização da comunicação. Aliás, muito pelo contrário. O governo Lula continuou criminalizando as rádios e TVs comunitárias. O processo para legalização desses veículos continua moroso e burocrático. Enquanto isso, a grande mídia, que atua de forma cada vez mais irresponsável no exercício do jornalismo, está sempre com as suas concessões renovadas por tempo indeterminado. Lembrando que a concessão de rádio e televisão é ofertada pelo Estado, que tem o dever de zelar pela boa utilização desses meios.
Além de incentivar a democratização da comunicação, se faz necessária a criação de conselhos federais e regionais de jornalismo para inspecionar o modo de se fazer jornalismo no país. Não se trata de censurar, mas sim de garantir a ética e de direcionar o foco dos veículos para o interesse da sociedade.
Com relação aos conselhos, o governo teve uma posição acertada no sentido de se mobilizar para implementá-los (a iniciativa partiu da Federação Nacional dos Jornalistas e de entidades sindicais). No entanto, a Grande Mídia, com o objetivo de continuar praticando um jornalismo subserviente a seus interesses particulares, alardeou que se tratava de uma tentativa do governo de censurar os veículos de comunicação. Em resumo, a pressão funcionou e o projeto não foi aprovado.
Vivemos em um país onde os grandes conglomerados midiáticos fazem jornalismo como querem, a despeito das demandas da população por informações isentas e de qualidade. E quaisquer movimentações no sentido de tentar corrigir ou apontar as falhas desses conglomerados são taxadas de antidemocráticas. Aliás, chega a ser irônico esses veículos, grandes apoiadores da Ditadura Militar, se postarem agora como defensores da “democracia”.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Como perder uma eleição!

Nesta eleição, a campanha do candidato tucano José Serra deu verdadeiras aulas de como perder uma eleição. Era óbvio e inevitável o crescimento de Dilma em decorrência do apoio do presidente Lula, cujo governo mantém altos índices de aprovação. Entretanto, as trapalhadas dos tucanos colaboraram para que a petista se distanciasse ao ponto de ensaiar uma acachapante vitória ainda no primeiro turno.
Serra começou a campanha tentando ligar sua imagem a do presidente Lula e simulando um tom de “homem do povo”, que simplesmente não combina com ele. Com o jingle que falava que depois de Lula da Silva viria o “Zé” Serra, a campanha esperava que as pessoas imaginassem uma suposta continuidade do governo Lula com Serra, angariando votos entre a massa que aprova o governo lulista. Uma estratégia, diga-se de passagem, totalmente equivocada. Todo mundo sabe que Serra é oposição ao governo Lula e que Dilma representa a continuidade do governo atual.
A campanha de Serra deveria ter se postado na corrida eleitoral como oposição que é, ter tentado apontar os erros do governo e indicado novas propostas para o país. Tentar “aproximar” Serra do governo Lula fez com que a maioria da população, que aprova a gestão de Lula, só confirmasse a sua opinião. “Afinal, se até a oposição não critica esse governo, é porque está realmente bom. Melhor votar na candidata do presidente, então”, devem ter pensado. Já aqueles que não aprovam o governo Lula não devem ter gostado nem um pouco do súbito lulismo de Serra. Resultado do estratagema: conseguiu desagradar gregos e troianos.
O resultado foi desastroso. Serra despencou nas pesquisas e a campanha foi reformulada. Serra mudou completamente o discurso, passou a atacar o governo e o PT de forma veemente. Mas não convenceu ninguém. Essa mudança brusca de rumos soou incoerente. O povo creditou as críticas aos interesses eleitoreiros, assim como, certamente, notou as motivações eleitorais que embalam a divulgação excessiva dos recentes escândalos no governo. Não é que eles não sejam verdadeiros. Podem até ser. O fato é que a grande mídia reuniu vários deles, alguns até que já haviam ocorrido há algum tempo,e difundiu exatamente no momento mais crítico da campanha serrista. Isso deixou visível o desespero do tucano e de seus apoiadores e dificilmente atrairá muitos votos.
Em resumo, Serra caminha para uma derrota que enterra definitivamente suas ambições presidenciais. E podemos dizer, sem entrar no mérito das ideologias partidárias, que a campanha do PSDB mereceu cada voto que perdeu. As falhas estratégicas foram grandes demais para quem sonhava com o cargo político mais alto do país.