Chega a ser engraçado ver os Estados Unidos fazerem todo esse estardalhaço por causa de uma suposta intenção do Irã (assim como as supostas armas de destruição em massa de Sadam Hussein) em desenvolver um arsenal nuclear. Não que eu ache que o Irã deva desenvolver tais armas. Não. Nem o Irã e nem ninguém deveria ter as tão temidas ogivas nucleares. Mas o fato é que os EUA possuem armamento nuclear em quantidade suficiente pra explodir o globo mais de uma vez. Sendo assim, qual a moral deles para tratar desse assunto? Qual a moral deles para exigir que o Irã nem ao menos desenvolva tecnologia nuclear, que pode ser utilizada para fins pacíficos, como ocorre no Brasil?
Novamente a história se repete. Os Estados Unidos tentam encontrar pretextos para confrontar e oprimir os países que recusam a sua supremacia e que insistem em seguir independentes. Felizmente, o Brasil não foi mais um país a aceitar passivamente o jugo norte-americano. Esse tipo de posicionamento faz com que a política externa brasileira se fortaleça e ganhe destaque no cenário internacional. O Brasil não está incentivando uma ofensiva terrorista como bradam reacionários. Em primeiro lugar, porque se referir ao Irã dessa forma é ceder aos estereótipos e ao preconceito que se formou com relação aos países islâmicos do Oriente Médio. Além disso, o Brasil não está se posicionando ao lado do Irã, mas sim a favor de uma resolução pacífica do impasse. A utilização arbitrária de sanções, sem dar chance ao diálogo, é uma verdadeira violência.
O tão esperado (e odiado) acordo intermediado por Brasil e Turquia foi feito e os Estados Unidos continuam querendo aplicar sanções. O ponto principal que apontam para justificar as sanções, mesmo com o acordo, seria a intenção do Irã de continuar a enriquecer urânio a até 20 %. Entretanto, o TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear) permite o enriquecimento a até 20%. Dessa forma, não há embasamento para descartar o acordo. Pode e deve ser discutido minuciosamente cada ponto do tratado. Mas, em princípio, foi um grande passo para se chegar a uma solução por meio do diálogo.
terça-feira, 18 de maio de 2010
sábado, 15 de maio de 2010
Comparar é inevitável
É impossível não relacionar um futuro governo Serra na presidência com o governo de seu companheiro de partido, Fernando Henrique Cardoso. Assim como é difícil não imaginar um governo Dilma bem semelhante ao de seu tutor político, Lula. Essa comparação pode ser feita, primeiramente, pelo alinhamento ideológico que existe (ou deveria existir) entre membros de um mesmo partido.
Ou seja, no momento em que um político se filia a determinado partido, ele está abraçando também uma série de ideologias e de práticas partidárias comuns ao grupo em que se insere. Não podemos negar que atualmente há uma forte banalização dessas ideologias e que vêm ocorrendo desrespeitos contínuos a princípios fundamentais dos partidos. No entanto, é importante que o eleitor avalie a ideologia partidária na hora de votar justamente para tentar reverter essa falta de compromisso dos políticos para com suas legendas. Uma política sem ideologias é uma política vazia.
Em um segundo momento, podemos imaginar governos semelhantes pelo fato de que o eleito não escolherá sozinho sua equipe de trabalho. As indicações dos ministros, secretários e assessores do governo são orquestradas pelo partido em conjunto com o eleito. São avaliados os nomes disponíveis no partido e também aqueles disponíveis nos partidos que compuserem a aliança na campanha. Dessa forma, a equipe constituída, normalmente, não vai fugir muito da lógica do partido ao fazer nomeações. Os nomes podem até ser diferentes, mas o primordial, que é o tipo de atuação que o partido espera para a função, não muda muito.
Há que se dizer que essas nomeações acabam se dando, muitas vezes, por meio do chamado loteamento de cargos, que consiste na troca de indicações por apoio nas eleições e nas decisões do governo. É claro que os presidenciáveis negam que adotarão a prática, mas, infelizmente, o que se observa é que essa prática está arraigada na política nacional. E há casos claros da prática tanto na gestão FHC quanto na gestão Lula.
Para concluir essa questão das comparações, é claro que as características individuais e o histórico político dos candidatos devem pesar na hora do voto, mas é impossível não pensar nos governos anteriores como referência para imaginar um futuro governo. Essa comparação é simplesmente inevitável.
Ou seja, no momento em que um político se filia a determinado partido, ele está abraçando também uma série de ideologias e de práticas partidárias comuns ao grupo em que se insere. Não podemos negar que atualmente há uma forte banalização dessas ideologias e que vêm ocorrendo desrespeitos contínuos a princípios fundamentais dos partidos. No entanto, é importante que o eleitor avalie a ideologia partidária na hora de votar justamente para tentar reverter essa falta de compromisso dos políticos para com suas legendas. Uma política sem ideologias é uma política vazia.
Em um segundo momento, podemos imaginar governos semelhantes pelo fato de que o eleito não escolherá sozinho sua equipe de trabalho. As indicações dos ministros, secretários e assessores do governo são orquestradas pelo partido em conjunto com o eleito. São avaliados os nomes disponíveis no partido e também aqueles disponíveis nos partidos que compuserem a aliança na campanha. Dessa forma, a equipe constituída, normalmente, não vai fugir muito da lógica do partido ao fazer nomeações. Os nomes podem até ser diferentes, mas o primordial, que é o tipo de atuação que o partido espera para a função, não muda muito.
Há que se dizer que essas nomeações acabam se dando, muitas vezes, por meio do chamado loteamento de cargos, que consiste na troca de indicações por apoio nas eleições e nas decisões do governo. É claro que os presidenciáveis negam que adotarão a prática, mas, infelizmente, o que se observa é que essa prática está arraigada na política nacional. E há casos claros da prática tanto na gestão FHC quanto na gestão Lula.
Para concluir essa questão das comparações, é claro que as características individuais e o histórico político dos candidatos devem pesar na hora do voto, mas é impossível não pensar nos governos anteriores como referência para imaginar um futuro governo. Essa comparação é simplesmente inevitável.
Celebridades na política e o papel do eleitor
Com o anúncio de Romário de que pretende se lançar candidato a deputado federal pelo PSB, podemos suscitar questionamentos antigos acerca de celebridades na política. Como cidadãos e, de certa forma, formadores de opinião, os ícones do esporte, da televisão e da música têm todo direito e até mesmo o dever de participar ativamente da política do país, seja como eleitores ou como candidatos. Se a motivação de Romário e outros como Frank Aguiar e Netinho é contribuir para o país, não há por que questioná-los.
O que podemos colocar em xeque é a motivação dos eleitores para votar nessas pessoas. As propostas e a ideologia desses candidatos é o mote para elegê-los? As pessoas buscam analisar se são realmente comprometidos com a política ou se apenas buscam manter a visibilidade e o bolso cheio?
Sinceramente, não creio. A maioria das celebridades que disputam cargos eletivos tem obtido sucesso. E é muito provável que isso se deva ao fato de serem conhecidos pelo grande público.
Antes de votar em Romário, aliás antes de votar em qualquer pessoa, os cidadãos deveriam pesquisar a fundo o plano de governo, as ideias e ideais do candidato e, no caso de políticos antigos, o histórico de atuação nas funções exercidas. Isso não ocorre, na maioria das vezes. Possivelmente devido a um desinteresse crônico por política por parte da população brasileira. Os escândalos de corrupção contribuem, e muito, para o agravamento desse quadro.
O que os brasileiros não percebem é que esse desinteresse, justificado por críticas vazias e clichês (exemplo: “Não gosto de política, porque todo político é corrupto”), não contribui em nada para combater a corrupção ou para melhorar a atuação dos políticos. Muito pelo contrário.
Os políticos que nós temos foram eleitos por nós. A culpa é toda nossa. A melhoria das condições de nosso país e o grau de honestidade dos políticos dependem diretamente do nosso voto. É claro que não há como prever como os políticos novatos irão se comportar. Mas, na eleição posterior, é possível puní-los por mandatos ruins ou desonestos não concedendo-lhes o voto. No entanto, para avaliar adequadamente o desempenho dos políticos, é preciso que haja, primeiramente e primordialmente, interesse pela política.
O que podemos colocar em xeque é a motivação dos eleitores para votar nessas pessoas. As propostas e a ideologia desses candidatos é o mote para elegê-los? As pessoas buscam analisar se são realmente comprometidos com a política ou se apenas buscam manter a visibilidade e o bolso cheio?
Sinceramente, não creio. A maioria das celebridades que disputam cargos eletivos tem obtido sucesso. E é muito provável que isso se deva ao fato de serem conhecidos pelo grande público.
Antes de votar em Romário, aliás antes de votar em qualquer pessoa, os cidadãos deveriam pesquisar a fundo o plano de governo, as ideias e ideais do candidato e, no caso de políticos antigos, o histórico de atuação nas funções exercidas. Isso não ocorre, na maioria das vezes. Possivelmente devido a um desinteresse crônico por política por parte da população brasileira. Os escândalos de corrupção contribuem, e muito, para o agravamento desse quadro.
O que os brasileiros não percebem é que esse desinteresse, justificado por críticas vazias e clichês (exemplo: “Não gosto de política, porque todo político é corrupto”), não contribui em nada para combater a corrupção ou para melhorar a atuação dos políticos. Muito pelo contrário.
Os políticos que nós temos foram eleitos por nós. A culpa é toda nossa. A melhoria das condições de nosso país e o grau de honestidade dos políticos dependem diretamente do nosso voto. É claro que não há como prever como os políticos novatos irão se comportar. Mas, na eleição posterior, é possível puní-los por mandatos ruins ou desonestos não concedendo-lhes o voto. No entanto, para avaliar adequadamente o desempenho dos políticos, é preciso que haja, primeiramente e primordialmente, interesse pela política.
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